Ramon Capdevila, Diretor de Jornal dos Armazéns
No último número da edição espanhola da nossa revista L’informatiu Almacenes de Construcción, do passado mês de julho, publicámos os resultados de um estudo (descarregar o estudo) realizado com vista a obter a fotografia tão exata quanto possível sobre a situação em que se encontra neste momento o setor da distribuição de materiais de construção em Espanha. Um estudo focado unicamente nos armazéns, deixando de parte as grandes superfícies.
O nosso interesse recaía fundamentalmente em dois aspetos: por um lado, saber a dimensão dos armazéns e, por outro, se existe uma mudança geracional. Os resultados são muito eloquentes: cerca de 87 % dos armazéns em Espanha faturam menos de 2 milhões de euros e aproximadamente 68 % não têm a sucessão programada porque, entre outras coisas, a dimensão dificulta a renovação familiar na empresa. Esta é a situação de um setor que tem cada vez mais problemas, sobretudo os armazéns de menores dimensões, para reterem a sua quota de mercado e manterem as suas margens.
Se não se importam, vou centrar-me novamente na Obramat. Em Espanha, este operador está de facto a alterar as regras do jogo nas zonas onde abre um novo ponto de venda, adquirindo, além do mais, uma quota de mercado importante. Sem causar muita perturbação. O desembarque da Obramat em Portugal está iminente e, por isso, penso que pode ser interessante explicar o que se passa em Espanha. Apenas dois dados sobre os resultados da Obramat em Espanha com 38 pontos de venda e um volume de faturação de 1 736 762 677 € no exercício de 2023, indicam a magnitude do que pode ser em Portugal.
Falo regularmente com muitos armazéns: grandes, médios e pequenos, e quando se fala com os mais pequenos dizem-nos coisas como “a Obramat tem os produtos a um preço de venda mais barato do que o preço por que eu os compro.” Aqui deixo a informação.
Perante este cenário, penso que é inevitável, uma vez mais, centrarmo-nos nos grupos de compra. Penso que deveriam ser eles os responsáveis por tentar profissionalizar o setor e criar modelos de negócio nos pontos de venda dos seus parceiros capazes de contrariar a força das grandes superfícies. E porquê eles? Porque são os únicos que conhecem realmente a situação e, mais importante que isso, são os únicos que os visitam e que conhecem o dia a dia.
Neste sentido, por outro lado, o armazém terá de fazer um esforço de adaptação a novas estratégias e a novos modelos de negócio no seu ponto de venda, de modo a procurar a máxima união e criar um modelo de grupo. Não é fácil, mas também não é impossível.