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Entrevista a Gonzalo Causin, Presidente de la AIFIm

“19,4 % das casas portuguesas vivem com uma temperatura inadequada no seu interior”

 

 

Gonzalo Causin

Presidente da AIFIm, Associação Ibérica de Fabricantes de Impermeabilização de Portugal e Espanha.

 

Gonzalo Causin começou a sua carreira profissional na SIKA no ano de 1997 como gerente de produto de membranas. Em 2002 foi promovido a diretor de zona de Madrid, e três anos mais tarde foi nomeado diretor de negócios. Desde 2013 tem estado a trabalhar como diretor dos mercados “pavimentos”, “coberturas” e “reabilitações”. É o diretor-geral da SIKA desde o ano de 2017.

Este ano de 2020 foi nomeado presidente da AIFIm, Associação de Fabricantes de Impermeabilização de Portugal e Espanha. Causin tem um Master em engenharia civil pela E.T.S. de Engenheiros de Estradas, Canais e Portos da Universidade Politécnica de Madrid.


O que é a AIFIm e quais os seus objetivos?

A AIFIm é uma associação sem fins lucrativos que reúne os 7 fabricantes mais importantes da Península Ibérica de materiais de impermeabilização. Somos ainda uma associação muito jovem (nascemos em 2018), mas com uns objetivos muito claros de representar e defender os interesses da nossa indústria.

Todas as nossas linhas de ação e estratégias de trabalho estão focadas na promoção de ações de formação, comunicação sobre as vantagens e benefícios da impermeabilização em edifícios, na qualidade destes materiais, na competitividade das empresas que os fabricam e, acima de tudo, no seu forte compromisso para com a sustentabilidade económica, ambiental e social.

 

 

Que fabricantes compõem atualmente a Associação?

Neste momento, os nossos associados são a BMI, a CHOVA, a DANOSA, a MAPEI, a RENOLIT ALKORPLAN, a SIKA e a SOPREMA.

 


Preveem novas incorporações?

Sim, é evidente. Estamos abertos à incorporação de novas empresas do setor. Os nossos estatutos estabelecem que as empresas fabricantes de impermeabilização com mais de 5 anos de trajetória empresarial podem ser membros de pleno direito.

     Também estamos a convidar várias empresas do setor a juntar-se à nossa associação como sócios aderentes ou colaboradores. Por exemplo, há outras indústrias, como os fabricantes de materiais de isolamento, que estão fortemente enraizadas com a nossa e que estão interessados como nós em fomentar as boas práticas no setor.

     Aproveito esta magnífica oportunidade para convidar todas as empresas que estejam interessadas na melhoria e na consolidação do nosso setor de impermeabilização, a pedirem-nos informações sobre a nossa atividade, a conhecerem-nos e a juntarem-se ao nosso trabalho de reivindicação e representação.

 


Portugal é um país que impermeabiliza mal, ou não impermeabiliza?

O problema de Portugal não é que seja um país que impermeabilize mal os edifícios novos que estão em construção e que estão em conformidade com as normas, mas que, tal como acontece em Espanha e noutros países à volta, é haverem muitíssimas casas obsoletas e com diversas patologias que devem ser reabilitadas. São precisamente estas casas a nossa matéria pendente para conseguir um parque muito mais eficiente.



Como intui a evolução que o crescimento do mercado da impermeabilização poderá ter em Portugal?

Felizmente, e apesar da pandemia, no ano de 2020 não notámos os efeitos da crise que castigaram outros países. A construção manteve uns números semelhantes aos de antes da chegada da COVID-19. É muito possível que os efeitos da pandemia se notem mais adiante em 2021 ou 2022, mas por outro lado, a grande construção de nova habitação com coberturas planas e o impulso do setor da reabilitação de edifícios podem estabilizar o mercado.

     Para a AIFIm, o mercado português é muito importante, visto que quase todos os nossos associados contam com presença comercial no país. Estaremos muito atentos à situação do país e confiamos que os bons números de vendas que registámos nos últimos anos se poderão repetir.

 


Pensa que as possíveis ajudas europeias que podem chegar pela crise do COVID 19 se centrarão em grande medida em dar um impulso à reabilitação e à impermeabilização?

Sim, sem dúvida. Já estão em marcha alguns projetos que beneficiarão destas ajudas com o objetivo de aumentar a eficiência energética das casas. Juntamente com o impulso às grandes infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, a reabilitação de edifícios será um dos destinos destas importantes ajudas para fomentar a recuperação económica.

 


Tem dados sobre o parque habitacional existente em Portugal que necessita de ação?

O parque edificado de Portugal é bastante velho e, além disso, construído numa época em que não se olhava tanto para a qualidade dos edifícios. É um dos países europeus que tem a habitação com maior falta de conforto. Por exemplo, até há apenas duas décadas, o isolamento térmico não era contemplado na construção de edifícios, e os que o têm é de muito pouca grossura. Com a impermeabilização aconteceu o mesmo. Isto significa que para conseguir uma temperatura de conforto o consumo energético é muito elevado, portanto, também encontramos situações de pobreza energética maiores que noutros países europeus.

     Um relatório recente pôs a descoberto que 19,4 % das casas portuguesas vivem com uma temperatura inadequada no seu interior (em comparação com a média europeia de 7,3 %) e 4,5 % das famílias não pode fazer face às faturas de energia. A parte positiva com que queremos ficar na AIFIm é que nos últimos 10 anos, a forma de construir em Portugal evoluiu muitíssimo e positivamente e, especificamente, a maneira de impermeabilizar.

 


Pensa que o mercado da impermeabilização sofre de falta de especialização?

Cada vez menos. Em apenas alguns anos, os instaladores de materiais de impermeabilização especializaram-se muitíssimo e adquiriram uma grande capacidade técnica. Todos nos lembramos que quando se começaram a aplicar membranas betuminosas apareceram muitos problemas porque os instaladores se estavam a formar.

     Agora é raro encontrar uma patologia na instalação deste tipo de membranas e os problemas são completamente pontuais. Os instaladores são cada vez mais técnicos e especializados nos diversos tipos de impermeabilizações.

 


Qual é a sua opinião sobre o setor da distribuição de materiais de construção em Portugal?

Ao contrário do que aconteceu com os instaladores, na cadeia da distribuição há ainda um grande trabalho a fazer para melhorar a capacidade de prescrição e assessoria dos pontos de venda dos materiais de impermeabilização.

     Há um exemplo muito ilustrativo e é que, em Portugal, os materiais de impermeabilização que mais se vendem pertencem às gamas mais baixas de produto das marcas que estão presentes no país. É necessário um grande trabalho de formação por parte das empresas para a situação melhorar.

 


Que papel tem a distribuição de materiais de construção de ter na venda dos seus produtos? 

Um papel muito importante. No caso da distribuição de materiais de impermeabilização, uma grande parte é feita através das cadeias de grossistas que vendem todas as categorias de produtos: isolamento, tubagens, cimentos, entre outros, e isto faz com que seja mais complicado estar especializado. Portanto, a cadeia de distribuição tem um desafio muito grande, visto serem os verdadeiros embaixadores dos nossos materiais junto dos compradores e os que têm de mostrar todas as vantagens e benefícios da impermeabilização.

 


A distribuição para a venda dos seus produtos está preparada tecnicamente? Há ações de formação previstas?

Recentemente, anunciámos um plano de formação juntamente com os nossos associados no qual poremos em marcha diversos programas de formação. Se algo de bom esta pandemia teve, é que nos aproximou do trabalho e da formação de maneira totalmente online, portanto, as possibilidades de adquirir novos conhecimentos estão muito mais ao alcance de todos.

     Além da formação que é desenvolvida pelos nossos associados, a partir de janeiro de 2021 desenvolveremos um programa dirigido a todos os agentes do setor. Por agora e enquanto a pandemia durar, toda a formação será feita online, mas esperamos que conforme vá passando esta situação, possamos retomar também a formação presencial.

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