Ramon Capdevila, Diretor de Jornal dos Armazéns
No dia 10 de outubro de 2006, na localidade espanhola de Alcalá de Guadaíra, província de Sevilha, foi inaugurado o primeiro armazém da OBRAMAT (na altura Bricomart) em Espanha. Hoje, 17 anos depois, a OBRAMAT possui 36 pontos de venda em Espanha, com uma faturação estimada que pode rondar os dois mil milhões de euros no atual exercício.
Há apenas algumas semanas, a OBRAMAT inaugurou na província de Barcelona dois novos pontos de venda de cerca de 9000 m2 cada, especificamente nas localidades de Vilanova i la Geltrú, a apenas 45 quilómetros de Barcelona e com uma população de 65 mil habitantes, e em L'Hospitalet de Llobregat, praticamente na entrada da cidade de Barcelona.
A investida realizada pela OBRAMAT em Espanha é, se me permitem a expressão, um desembarque sem contemplações, muito estudado e com consequências imprevisíveis e que podem ser graves para os armazéns de materiais de construção espanhóis. Este discurso não é novo. Repeti-o muitas vezes, mas o que vi em Vilanova i la Geltrú e em L'Hospitalet de Llobregat foi a entrada em cena de uma maquinaria perfeitamente lubrificada e que não tem intenções de parar. E o que é mais grave: encontra um terreno fértil para as suas intenções. Sem dificuldades.
A OBRAMAT prevê inaugurar a primeira loja–armazém em Lisboa no segundo semestre de 2024 e, de acordo com declarações dos responsáveis pela expansão da multinacional francesa, "após França, Polónia, Itália, Espanha e Brasil, Portugal é um país maduro para se lançar no mercado dos profissionais. Queremos criar um novo líder do mercado PRO em Portugal com a inauguração anual, a partir de 2024, de uma a duas lojas na região à volta de Lisboa, do Algarve, do Porto, etc. Graças ao nosso sucesso no sul da Europa (Espanha), ousamos apostar em força.
Bem, estas são as intenções e o plano de expansão da OBRAMAT em Portugal. Há já algum tempo que vimos a alertar, cada vez mais, que estes grandes operadores estão a ganhar uma grande fatia de mercado e, além disso, a estratégia deles ataca diretamente a linha de flutuação dos armazéns: o volume e as margens. Cada vez é mais difícil crescer e as margens são cada vez mais reduzidas. Perante este cenário, o futuro tem de passar, sem dúvida, pela concentração e pela busca e obtenção de acordos, alianças, uniões... não há outro caminho. Entre todos, temos de começar a homogeneizar o mesmo discurso para conseguir ter uma personalidade própria e oferecer uma aposta interessante e sólida.